Capítulo 5
Conselhos de uma Lagarta

A Lagarta e Alice olharam-se por algum tempo em silêncio. Por fim, a Lagarta tirou o cachimbo da boca e dirigiu-se a Alice com voz lânguida e sonolenta: “Quem é você?”.

A lagarta e Alice olharam-se
A lagarta olhou para Alice e Alice olhou para a lagarta.

Não era um começo de conversa encorajador. Alice respondeu muito tímida: “Eu… já nem sei, minha senhora, nesse momento… Bem, eu sei quem eu era quando acordei esta manhã, mas acho que mudei tantas vezes desde então…”.

“O que você quer dizer com isto?” perguntou a Lagarta com rispidez. “Explique-se melhor!”.

“Acho que eu mesma não posso me explicar melhor, senhora”, disse Alice, “porque eu não sou eu mesma, compreende?”

“Não, não compreendo”, respondeu a Lagarta.

“Temo não poder explicar melhor”, replicou Alice educadamente, “porque eu mesma não posso entender, para começar… ter tantos tamanhos diferentes em um só dia é muito confuso.”

“Não é, não”, falou a Lagarta.

“Bem, talvez a senhora ainda não tenha passado por isso”, disse Alice, “mas quando a senhora se transformar numa crisálida — e isso vai acontecer um dia, a senhora deve saber — e depois numa borboleta, eu acho que vai sentir-se um pouco estranha, não vai?”

“Nem um pouco”, respondeu a Lagarta.

“Bem, talvez os seus sentimentos sejam diferentes”, disse Alice, “mas o que sei é que tudo isso parece muito estranho para mim.”

Alice no País das Maravilhas, Lewis CarrolL, primeira publicação em julho de 1865.

IMAGEM: Alice, de Alisson Jay, para a Penguin Books.

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