Esta semana, finalizamos nossa última oficina do semestre, encerrando o segundo módulo de “HAIKAI: universo poético em três versos“, realizado em parceria com Silvia Rocha.
Foi um semestre intenso, com muita arte, cultura, literatura e atividades ligadas ao ofício e ao prazer de escrever e de contar histórias. Nosso plantio rendeu belos frutos, reunindo pessoas interessadas e apaixonadas pela leitura e a escrita, em suas mais diferentes formas.
O LAB 10, a oficina “DESCOBRINDO IMAGENS E HISTÓRIAS INTERNAS”, mais voltada ao autoconhecimento, ambos conduzidos por Iana Ferreira, e o curso-oficina de haikais, com Silvia Rocha, para citar apenas alguns dos projetos mais recentes da Entretexto em 2017, nos preenchem, neste final de ano, de alegria com o caminho percorrido e energia para seguir.
Neste momento de comemoração e entusiasmo, compartilhamos com vocês um pouco do que foram essas experiências, pelo olhar da querida Silvia Rocha, que divide conosco seu conhecimento e paixão pela poesia:
“Foram nove encontros muito ricos. Estimulantes. Profícuos.
Foi interessante observar que o gosto pela poesia e, no caso da oficina, pelos haikais, intrigava as participantes. Por quê? Pra quê? E o que eu faço com isto? O que me move a vir aqui? A escrever? A comprar livros? Estudar? Pesquisar? A me interessar por algo que tão poucas pessoas compartilham o mesmo interesse do que eu?
Nessas quatro décadas caminhando com os haikais, fui notando que a prática desperta a atenção para a natureza, para as transições sazonais, para as variações do e no nosso entorno. É um exercício de presença, de atenção, de desapego. E estes trechos que extraí de uma matéria do poeta Paulo Leminski para a Folha de S. Paulo ilustram o quanto a poesia pode significar revolução, resistência, alternativas, pelo que ela contém e significa em si mesma. Mas vamos às palavras do mestre, que nos deixou em 1989 e escreveu esta matéria três anos antes:
Ao mencionar a obra de arte que, segundo ele, no mundo burguês só pode ser ornamento e mercadoria, Leminski escreve ‘mas uma arte resistiu com particular vigor a essa comercialização. E essa foi a literatura, a arte que tem a palavra como matéria-prima. Em especial, a poesia, lugar onde a palavra atinge vigência plena, máxima, substantiva’.
Segue seu raciocínio mais adiante: ‘O puro valor da palavra está na poesia… Pois não vende mesmo. O destino da poesia é ser outra coisa, além ou aquém da mercadoria e do mercado’.
Para o poeta, a poesia é o princípio do prazer no uso da linguagem e a função da poesia é a função do prazer na vida humana.
‘O amor. A amizade. O convívio. O júbilo do gol. A festa. A embriaguez. A poesia. A rebeldia. Os estados de graça. A plenitude da carne. O orgasmo. Estas coisas não precisam de justificação nem de justificativas.’
E complementa dizendo que fazemos as coisas úteis para ter acesso a estes dons absolutos e finais… ‘Coisas inúteis (ou in-úteis) são a própria finalidade da vida’.
Leminski finaliza seu texto contando o que respondeu a um repórter, quando ele lhe perguntou para que servia a poesia:
‘Felizmente, para nada’, respondeu o poeta.”
Em 2018 tem muito mais de TUDO isso! Sempre com ricas parcerias!
Imagens: Iana Ferreira e Silvia Rocha
- Protegido: Barba Azul – aprofundando a experiência - 15/05/2020
- Uma esperança – Clarice Lispector - 31/03/2020
- As três vasilhas – conto - 22/03/2020
Foi um grande prazer ter participado disso tudo, LAB 10, o sarau com seu workshop, onde me apaixonei pelos haikais, as oficinas da Silvia, a oficina da Iana, e a roda de leitura. Rica experiência! Belo mergulho nas palavras, nas imagens internas, na natureza, na poesia. Emerjo mais inteira, fortalecida, encantada. Que 2018 chegue logo!
Que delicioso ler suas palavras, Eliete! Saiba que sua participação foi muito especial e admirável! Prazer ter estado com você também e compartilhado esses momentos de criação com as palavras. Que venha 2018! Grande beijo