Stephen Koch, em Oficina de escritores, fala de quatro disciplinas primordiais para qualquer pessoa que queira escrever. São elas: imaginação, observação, leitura e escrita. Ele comenta sobre isso: “Como todo mundo faz essas coisas, você talvez suponha que pode tratá-las como os outros fazem. Isso seria um erro”.

 

Vamos falar deste assunto hoje e nas próximas semanas, que tal?

 

IMAGINAÇÃO

 

Sobre a imaginação, Koch escreve:

 

“Pode parecer paradoxal aplicar a palavra disciplina à imaginação, mas, ao contrário da maioria das pessoas, o escritor deve aprender a pairar acima da experiência passiva da imaginação, pronto para agir, à espera do momento certo de atacar. Ele começa como todo mundo, com um devaneio: andando na rua, seguindo por um trecho especialmente tedioso da rodovia, tomando uma ducha. A mente descansa com um suspiro e está ‘dando um tempo’. Nada particularmente interessante. Surgem imagens, sons, palavras, cenas, tudo a esmo.

 

(…) Se você deixar as imagens envoltas nessa passividade crepuscular, elas vão desvanecer e morrer. A maioria das pessoas descarta a maior parte da vida imaginativa com jovial indiferença, talvez com certo desprezo”.

 

Então, o autor afirma que quem escreve deve agir de forma muito diferente em relação a isso. As fantasias são recursos essenciais, e elas só podem se transformar e se associar quando transportadas para aquele “lugar” da mente no qual as ideias são concebidas. Portanto, é preciso capturar, prender, explorar as fantasias.

 

“Escrever um romance é juntar fumaça” 

Walter Mosley

 

Alerta Koch: “As fantasias vão adejar como mariposas ao redor dos pensamentos, e seu impulso espontâneo será o de espantá-las com a mão”.

 

Porém, vai ser preciso, ao contrário, capturar essas formas flutuantes. Como?

 

Colocando-as no papel. É preciso fazer anotações e diálogos. É preciso ter um caderno sempre ao alcance da mão.

 

Para outros autores citados por Koch, o objetivo é formar imagens, evitando generalizações e pensamentos abstratos, mas criando enredos e explorando situações específicas.

 

“O objetivo é conectar-se ao seu entusiasmo e seguir as imagens geradas por ele até encontrar algo que lhe pareça um ‘fim’. Não pense, sonhe. Evite intelectualizar. Imaginar não é explicar as coisas, mas vê-las. Sonhe com a história, invente-a, seja fantasioso, diga o que lhe vier à mente e procure não se preocupar em saber se é algo inteligente ou não… Apenas sonhe e deixe o sonho se desdobrar como ele quiser. Depois escreva de novo e de novo, sonhando sempre. Só então tente aplicar toda sua inteligência nisso.

 

“O intelecto pode entender uma história, mas apenas a imaginação pode contá-la.”

Stephen Koch

 

Que tal experimentar o que foi proposto e se exercitar na captura das mariposas-pensamentos? Depois ficaríamos muito felizes em saber como foi a experiência. Escreve pra gente: contato@entretexto.com

 

Obra de referência deste artigo: Oficina de escritores, um manual para a arte da ficção, Stephen Koch, Martins Fontes, 2009.

 

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