Para os apreciadores do Natal, para os que não apreciam – mas amam livros-, algumas obras que têm essa festa como tema. Esperamos que apreciem!
UM CONTO DE NATAL, CHARLES DICKENS (Oliver Twist, David Cooperfield)
Desde a sua publicação, em 1843, o livro de Dickens, que, dizem, foi escrito em menos de um mês para pagar uma dívida, tornou-se um dos maiores clássicos da literatura, com provavelmente o maior número de adaptações para o cinema, teatro e televisão. Recentemente ganhou inclusive versões no formato de história em quadrinhos, sendo uma delas a bonita edição da L&PM.
“Scrooge era um tremendo pão-duro! Um velho sovina, avarento, mesquinho, unha de fome e ganancioso! Duro e áspero como uma pedra de amolar, não era possível arrancar dele a menor faísca de generosidade. Era solitário e fechado como uma ostra. A sua frieza congelou o seu rosto e encompridou ainda mais o seu nariz pontudo, murchou suas bochechas e endureceu seu caminhar; deixou seus olhos vermelhos, azulou seus lábios finos e tornou ferino o tom de sua áspera voz. Uma camada de gelo cobria sua cabeça, suas sobrancelhas e seu queixo áspero. Aonde ia, levava consigo sua frieza, que gelava o escritório nos dias mais quentes do ano e não degelava nem um grau no Natal.” (trecho do livro)
O SUPLÍCIO DO PAPAI NOEL, CLAUDE LÉVI-STRAUSS – COSACNAIFY
A ser encontrado apenas em sebos atualmente, esse ensaio de Lévi-Strauss publicado pela Cosac Naify merece qualquer peregrinação e busca!
“Neste ensaio Claude Lévi-Strauss parte de um acontecimento raro, a queima de um boneco de Papai Noel na França, em 1951, para analisar o mito do personagem, a comercialização das datas tradicionais e a influência norte-americana nesse processo.” (resenha)
CARTAS DO PAPAI NOEL, J. R. R. TOLKIEN (Senhor dos Anéis) – MARTINS FONTES
“Todo mês de dezembro, um envelope com um selo do Polo Norte chegava para os filhos de J. R. R. Tolkien. Dentro dele, uma carta escrita à mão com letra trêmula e estranha e um lindo desenho colorido. Isso tudo era do Papai Noel, narrando histórias incríveis sobre a vida no Polo Norte. Desde a primeira carta para o filho mais velho, em 1920, até a comovente última carta para a caçula, em 1943, este livro reúne todas as memoráveis cartas e desenhos que Tolkien fez para os filhos em uma edição primorosa.” (resenha)
CARTAS NATALINAS À MÃE, RAINER MARIA RILKE (Cartas a um jovem poeta) – Globo Livros
Numa obra marcada por inúmeras correspondências, destacam-se, em particular, as cartas enviadas por Rilke à mãe durante 26 anos de sua vida, período em que nunca passaram juntos a festa de Natal. Numa relação intensa e ao mesmo tempo distante, as cartas revelam nuances profundas dos sentimentos e da relação dos dois, bem como da vida e intensa produção do poeta.
1900
Carimbo do correio:
Berlim, 22 de dezembro de 1900
“Minha querida e bondosa Mama,
Nós nunca conversamos muito sob a árvore de Natal. Hoje tampouco quero fazê-lo, sobretudo, pois as palavras no papel nem ao menos suscitam ilusão de proximidade. E, aliás, desejo-lhe mais que a ilusão – a certeza de que estou ao seu lado nessa noite que, desde quando a vivenciei pela primeira vez, você embelezou e enriqueceu através do seu testemunho de amor e bondade! E você deve me sentir próximo, porque lhe presentearei com o meu novo livro e, dessa maneira, dirijo-me a você com o sumo do que até agora conquistei e me tornei, com muito mais que com o meu corpo e feição, com muito mais que minha alma: com a potência da minha energia e amor, com uma parcela profunda da minha profunda devoção, com um fragmento do meu futuro.” (trecho do livro – primeira carta)
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